terça-feira, 8 de novembro de 2011

Administrar: Ciência ou Arte?

Existem duas formas de entendermos e definirmos administração, duas formas completamente antagônicas, que já causaram muitas controvérsia, chegando mesmo a serem tidas como irreconciliáveis. Para os seguidores de T. Levitt, por exemplo, “administrar consiste em analisar racionalmente uma situação e selecionar os objetivos a serem alcançados, desenvolvendo sistematicamente estratégias para atingir tais objetivos, coordenando os recursos, desenhando racionalmente a estrutura, dirigindo e controlando com precisão, e finalmente motivando e recompensando as pessoas que trabalham para que os objetivos sejam efetivamente alcançados”. Já os seguidores de Henry Boettinger entendem que: “administrar consiste em arrastar a outros, e isso implica, para quem administra, a capacidade de compreender as necessidades e os desejos dos outros para compartilhar com eles uma visão que aceitam como própria”.

Evidentemente, que os seguidores da primeira proposta entendem a administração como um processo técnico, fundamentalmente racional, ou seja uma ciência que se aprende mediante uma adequada formação e se aperfeiçoa com o passar dos anos. Porém se isto fosse inteiramente verdade não haveriam grandes empresários que pouco ou quase nunca freqüentaram os bancos escolares, ou melhor ainda poderíamos apostar que o filho de um grande administrador seria, conseqüentemente um grande administrador.

Os seguidores da segunda proposta, pelo contrário, entendem que administrar tem muito mais de arte - visão, intuição, lampejo - do que de técnica. Neste caso substitui-se o executivo pelo líder, que através da intuição e de talento conseguem desenvolver empresas e organizações com futuro, a partir de uma simples idéia. Isto representa o verdadeiro espírito empreendedor. Porém se isto fosse completamente verdade, não teríamos um grande índice de mortalidade infantil das nossas empresas (80% das empresas criadas, fecham no seu primeiro ano de existência - fonte: SEBRAE), e isto ocorre basicamente porque o líder, o empreendedor desconhece completamente a técnica administrativa.

Talvez, a única possibilidade de conciliação existente está na definição de Peter Drucker: “as tarefas administrativas exigem, pelo menos quatro diferentes tipos de personalidade: o homem-pensamento, o homem-ação, o homem-pessoa, e o homem-fronteira... Estes quatro temperamentos, contudo, quase nunca se encontram num mesmo indivíduo”. É evidente que só em raras oportunidades estas quatro virtudes ocorrem numa mesma pessoa, porém o administrador deve esforçar-se pelo menos para, a nível estratégico, interpretar as tendências do mercado e dos recursos que dispõe, e adaptar a organização a seus condicionamentos internos e externos, não se afastando muito da tendência definida previamente. Já a nível interpessoal, o administrador deve manter um contato estreito com seu grupo, coordenando os esforços, e exercendo efetivamente a liderança.

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